segunda-feira, 30 de agosto de 2010

LAND ROVER RANGE ROVER VOGUE

A RECEITA PARA ENFRENTAR MAUS PEDAÇOS COM ELEGÂNCIA FAZ 40 ANOS. E AGORA SE APRESENTA NA MELHOR FORMA












Há 40 anos, a Land Rover já era conhecida por seu desempenho no fora de estrada. Seus jipes espartanos e eficientes já eram referência na superação dos maus caminhos. Encarar trilhas a bordo de um desses britânicos significava ter um painel sisudo de metal, banquinhos plásticos e zero de conforto e de ergonomia. Foi assim até 1970, quando a marca começou a se converter em grife ao mesclar o refinamento dos sedãs da Rover ao universo enlameado dos Land Rover. E assim nasceram os Range Rover.

A proposta era clara: alta dirigibilidade, conforto e desempenho soberbos, tanto no asfalto como fora da estrada. Passadas três gerações – e incontáveis face-lifts –, o utilitário esportivo consolidou sua posição numa faixa exclusiva de mercado. O modelo que avaliamos é mais luxuoso que qualquer Rover já produzido e um dos mais eficientes 4x4 da casa britânica – e ainda por cima dá uma bela aula de dinâmica no asfalto.

Estamos a bordo do Range Rover Vogue 2010, uma versão criada em 1981 para designar o topo da linha. As mudanças introduzidas foram mais profundas do que o desenho tradicional sugere. A principal novidade é o motor 5.0 LR-V8 Supercharger, o mesmo usado no Jaguar XJ e no XF-R, que rende 510 cv e 63 mkgf de torque. Ele é quase quatro vezes mais potente que o primeiro motor que equipou os Land Rover de 1970, um V8 Rover de 135 cv, uma desproporção que os números de pista ajudam a entender.

O Range Rover atingiu, ainda em segunda marcha, os 100 km/h em apenas 5,8 segundos. É número de carro esportivo – o XF-R fez a mesma prova em 5,1 segundos –, ainda que seja mais alto que o do Mercedes-Benz ML 63 AMG, que cumpriu o trajeto em 5,6 segundos. Antes do fim da reta de Limeira, já chegávamos à velocidade máxima de 220 km/h, limitada eletronicamente.

Tamanha disposição não tem seu preço abatido do conforto. A suspensão não é excessivamente rígida e o ruído do motor não se mostra arrogante. Pelo contrário, o Range Rover apresenta um rodar suave, típico dos melhores sedãs. Em frenagens mais agressivas, a frente mergulha, porém não há desvio de conduta dos 2680 kg. A 120 km/h, o Vogue precisou de 59,2 metros para parar.

Para acompanhar a exuberância do utilitário no asfalto, há uma boa dose de eletrônica. É o caso do Adaptive Cruise Control, que usa um radar na dianteira para detectar a presença de tráfego à frente e que opera em velocidades de até 180 km/h. É só selecionar a distância do carro da frente que o sistema se encarrega de acelerar e frear o carro. Para quem usa trailer, o Trailer Stability Assist detecta instabilidades no reboque e ajuda a corrigir a trajetória. Controle de estabilidade e Roll Stability Control, que detecta e previne situações com risco de capotamento, completam o pacote. Os amortecedores, por sua vez, têm sua carga monitorada 500 vezes por segundo, através do sistema DampTronic Valve.

Mas o fora de estrada também não fica desatendido. É possível ajustar a suspensão a ar para o nível mais alto e escolher uma das configurações do sistema Terrain Response, que ajusta os parâmetros de direção, tração e suspensão de acordo com o tipo de piso selecionado. Fica ao motorista a única tarefa de acelerar, virar o volante e frear.

Para melhor domínio do terreno, é possível contar com o auxílio de cinco câmeras. São duas na dianteira, duas instaladas sob os retrovisores e uma atrás. É possível, através delas, checar todas as cenas do carro em uma trilha. Se esse apoio ainda não for suficiente, há uma sexta, portátil, que transmite imagens via Bluetooth. Ela pode ser fixada em algum ponto do carro, ou mesmo ficar do lado de fora, na mão de um “zequinha”. Em descidas, o Hill Descent Control limita a velocidade do carro em ladeiras escorregadias, conforme o ângulo de inclinação.

Por aqui, tamanho arsenal deve ter a mesma utilidade que uma bomba atômica teria para o Vaticano. Será difícil encontrar um proprietário que esteja disposto a utilizar no limite da lama as facilidades oferecidas pelo Vogue. A marca britânica garante que ele consegue andar junto dos clássicos Defender. Mais provável é que seu público faça bom uso dos confortos de bordo. Os bancos largos, forrados de couro austríaco, macios ao toque e com costuras precisas, oferecem conforto superior ao das poltronas que equipam a sala do luxuoso cinema do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo – cujo ingresso supera os 50 reais. O arcondicionado possui quatro zonas de refrigeração e é possível assistir a seu DVD favorito em três telas de LCD e sete canais de som, distribuídos por 14 alto-falantes da Harmann Kardon, enquanto a imagem é transmitida por três telas de LCD.

Uma tela de 12 polegadas substitui o quadro de instrumentos tradicional, que não abre mão do visual analógico dos mostradores. Com o carro desligado, uma paisagem ocupa o lugar dos instrumentos. Já a outra tela do painel sofre de dupla personalidade. Ao volante, você tem direito de ver, caso o veículo esteja rodando, as funções de navegador, os controles de fora de estrada ou as cinco câmeras dispostas ao redor do carro, e comandá-las por toques na tela – é possível até dar zoom na imagem.

Se o passageiro da frente não quiser compartilhar essas informações, pode assistir a um filme na mesma tela por meio da tecnologia Parallax Barrier, que permite projetar duas imagens na mesma tela, em ângulos diferentes. Os dois monitores traseiros podem mostrar conteúdos distintos, enquanto fones de ouvido se encarregam de transmitir o som dessas atrações. Para os pequenos, uma opção a mais: é possível conectar um videogame nas saídas de áudio e vídeo do console central.

Uma de suas grandes atrações, porém, surge na hora de assinar o cheque. Embora o valor de 399 900 reais seja mais que respeitável, ele é relativizado diante dos atributos apresentados e também do custo dos concorrentes de mesma configuração e potência, que custam, cerca de 40 000 reais a mais. E todos, sem exceção, adotam roupagem mais esportiva, propostas diferentes do terno de corte ajustado e refinado
do Vogue.

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